sábado, 16 de maio de 2009

Eu te amo!

...

Te amo com o espanto,
de quem não acreditava no amor.
Te amo na solidão de meu amanhecer.

Um amor com a beleza do silencio
e do grito, de um gesto descontraído,
uma roupa desbotada, um solstício
de primavera.

Eu te amo agora, meu presente...
Não te amava antes.
Te amo agora e para sempre...

Um amar suave como um cair de tarde,
Que às vezes dói, às vezes arde,
Queima na face como uma bofetada.

Um amar criança com cheiro de talco...
Com o frescor da rosa em botão, do orvalhar
da manhã, do serenar de uma noite de lua...

Um amar quente como o fogo da paixão...
Sincero como a dor da saudade...
Simples como a verdade...
Puro como o desejo de um amante...
Maior que o tempo...

Eu te amo...
Como quem nunca crera...
...ser possível amar assim.

Peter Burke

O grande historiador aparece hoje em matéria publicada no Prosa e Verso do jornal O Globo. O cara é foda. Já um livro dele inclusive, como comunicóloga curiosa que sou, sobre a escola dos anales. Ótima pedida para qualquer amante das ciências humanas!


Peter Burke: 'O passado é um país estrangeiro'
Livros como "Uma história social do conhecimento" e "O renascimento italiano" fizeram do inglês Peter Burke um dos mais respeitados historiadores contemporâneos. Conhecido por seus estudos sobre a cultura na Era Moderna, Burke é também um importante teórico da atividade historiográfica. Em obras como "A escrita da História", ele discutiu os limites e possibilidades de sua profissão, e propôs pontos de contato entre a escrita histórica e a literária. "Cada geração, vivendo com os problemas do presente, interroga o passado pensando em suas próprias questões. Por isso é importante reescrever a história a cada geração", diz ele nesta entrevista, concedida no final do ano passado durante o seminário Comunicação e História, realizado pela Escola de Comunicação da UFRJ com apoio do Globo Universidade*.
...
A Escola dos Anais foi provavelmente a corrente historiográfica mais influente do século XX. Como o senhor avalia seu legado hoje?
BURKE: É difícil. Até o começo dos 1990, eu sentia que a Escola ainda tinha alguma unidade, e talvez fosse o grupo de pesquisas fazendo o trabalho histórico mais inovador no mundo. Mais e mais, no entanto, têm ganhado espaço grupos de outros lugares. Hoje, vivemos um momento mais policêntrico. A maior influência das últimas décadas talvez venha dos estudos subalternos iniciados por historiadores da Índia. Não acho que os pesquisadores da Escola dos Anais tenham deixado de inovar, mas foi um grande golpe quando o autor mais original da nova geração da Escola, Bernard Lepetit, morreu num acidente de carro há poucos anos. Hoje, há trabalho muito interessante sendo feito na sede pelos herdeiros da Escola dos Anais, mas nada que saia dos caminhos já traçados por Jacques Le Goff e Roger Chartier.
...
Até que ponto o historiador pode escapar de seu tempo?

BURKE: Eu acredito, e para alguns isso talvez seja uma heresia, que há um lugar para o anacronismo quando se escreve a história. Você tem que fazer comparações com o presente para que as pessoas entendam o passado. Tem que ficar lembrando o leitor que o passado não é como o presente, que é um país estrangeiro, mas ele precisa entender por que as pessoas agiam daquela maneira. E às vezes pode ser útil fazer um paralelo com algum movimento moderno pode ser útil. Quando era estudante, as pessoas gostavam de fazer comparações entre os calvinistas e os comunistas. Hoje, essa não é mais uma explicação muito útil. Mas o historiador escreve para o seu tempo, consciente de que uma próxima geração vai fazer seu trabalho de outra maneira.



A entrevista completa está disponível no site:
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/#186814
* é necessário ter login, que é gratuito.